Editorial Julho 2017 Imprimir
Sáb, 01 de Julho de 2017 00:00

Conta o Evangelho de Mateus que, quando Jesus chamou os seus doze discípulos e os orientou a anunciarem a proximidade da chegada do reino dos céus, recomendou também curarem os enfermos, limpar os leprosos e expulsar os demônios. Ao mesmo tempo em que deu essa orientação, não deixou de lhes recomendar expressamente que deveriam dar de graça o que de graça haviam recebido. O que seus discípulos haviam recebido de graça eram dons espirituais para serem usados em benefício dos enfermos, leprosos e possuídos por demônios, como na época eram referidos os que se encontravam sob domínio de espíritos inferiores. Allan Kardec explica que esse preceito se aplica também hoje na prática da mediunidade.

Os médiuns de hoje, como os apóstolos de Jesusreceberam gratuitamente de Deus esse dom. Usam um dom que não lhes pertence e que nada lhes custou, não sendo fruto de seu trabalho nem de seus estudos. Por isso, Deus quer que o fruto desse dom chegue a todos e não apenas àqueles que podem pagar para dele se beneficiar. Assim, cobrar pelo uso do dom da mediunidade é desviá-lo do seu objetivo divino. Não pode a sua prática se tornar uma profissão nem um meio de vida de que se faça uso. Além dessas razões de natureza moral, há também um fator impeditivo de natureza material: é que, sendo a mediunidade uma faculdade orgânica, móvel, fugidia e mutável, como define Kardec no Livro dos Médiuns, a aptidão subsiste sempre, mas seu exercício pode ser suspenso ou anulado. Ninguém pode garantir que poderá usar essa faculdade para sempre, à hora em que desejar. A obtenção do fenômeno mediúnico depende do concurso dos espíritos, que têm livre-arbítrio para se manifestarem ou não. Contudo, a prática mediúnica com objetivos materiais é antiga e vem desde o tempo de Moisés, o que levou o governante do povo hebreu a proibir a comunicação com os espíritos. O Espiritismo demonstra o fim exclusivamente moral e consolador das comunicações com os espíritos. O que move a prática mediúnica espírita é o sentimento de caridade, o desejo de se instruir, de se melhorar e de aliviar a dor dos que sofrem física ou moralmente.Como diz Kardec, o seu comércio é imoral e, relembrando as palavras do Cristo, recomendou aos médiuns de hoje: dai de graça o que de graça recebeste.