Um caso mais complexo Imprimir
Escrito por Jayme Lobato   
Ter, 15 de Fevereiro de 2011 15:39

Iara, espírita militante, sempre disposta a ajudar o próximo, recebe telefonema de sua amiga Jurema:

- Alô!

- Iara! Sou eu, Jurema! Preciso urgente falar com você.

- Mas, o que houve, amiga? - indaga Iara.

- Só pessoalmente, Iara! Eu e Jair es-tamos passando por momentos difíceis e sem sabermos o que fazer!

- Logo depois do almoço, sem falta, darei uma chegada a sua casa.

- Aguardaremos ansiosamente. Precisamos falar com alguém. Precisamos trocar idéias - falou Jurema, demonstrando grande tensão.

Faltando pouco para às quatorze horas, Iara é recebida na casa de Jurema e Jair.

- Seja bem vinda, minha amiga!

- Só mesmo a uma pessoa como você, Iara, teríamos condição de expor nos-sa aflição. - se expressa Jair com certa apreensão.

Iara, a essa altura ansiosa, diante da aflição dos amigos, fala:

- Mas, o que está acontecendo de tão sério?

- É com o Claudinho! - prontamente respondeu Jurema.

- Fomos surpreendidos com uma confissão dele, que nos arrasou! - acrescentou Jair.

E Jurema expõe a Iara o que se passa com o seu filho mais novo, hoje com 19 anos:

- Nosso filho nos confidenciou ser homossexual, Iara!

Iara, sentindo a complexidade da situa-ção, tenta inicialmente acalmar o casal.

- Meus amigos, entendo a aflição de vocês! Vamos procurar nos tranqüilizar para que melhor possamos refletir! Vamos primeiramente orar. A oração nos fortalece e ilumina nossos pensamentos.

Iara faz, então, sentida prece, em que to-dos se sentiram aliviados da tensão reinante.

Ao término da oração, o ambiente esta-va mais tranqüilo. Jurema quebra o silêncio:

- Sinto-me mais calma, Jair, e você?

- Eu também!

- Acho que vocês deveriam recorrer ao atendimento fraterno da nossa Casa Espírita, pois o assunto, além de fugir ao meu entendimento, é de muita responsabilidade. Confiemos na ajuda do Alto.

Assim aconteceu. Dias depois, lá estavam Jair e Jurema diante de Isaura, uma das encarregadas do atendimento fraterno no Centro Espírita. Após expor a razão de estarem ali, Jurema fala:

- Minha irmã Isaura, fomos apanhados por uma revelação para a qual não estávamos preparados.

- Sinceramente, estou chocado. Não durmo há três noites, desde que ele conversou conosco - desabafa Jair.

Isaura, aí, começa a envolver o casal numa ambiência favorável:

- Meus irmãos, será que existe alguém preparado para ouvir impassível a uma confissão desse nível? Não esqueçamos de que somos humanos, ainda!

- O que nos sugere, Isaura?

- Observemos uma coisa, Jurema: expondo sua dificuldade, seu filho demonstrou muita coragem e grande confiança em vocês. Em se tratando desse tipo de problema, a atitude do Claudinho mostra o grau de confiança que deposita em vocês. E isso é muito importante!

- Já pensei nisso! Apesar de tentar com-preender a situação, sinto-me desarvorada.

- Pergunto-me: em que erramos na educação do nosso filho mais novo? - questiona Jair.

Isaura volta a falar com segurança: - O convívio por longo tempo com vocês, mostrou-me a inegável dedicação do casal a seus filhos. Porém, não nos esqueçamos, meus amigos, de que cada um de nós renasce na Terra, trazendo, do passado, dificuldades e compromissos, cujo objetivo será sempre relativo ao progresso do Espírito reencarnado.

- E o que faremos? - querendo uma so-lução rápida, interroga Jurema.

- Não tenho tido nem coragem de encarar meu filho! - explica Jair. -

No entanto, não devemos esquecer - propõe Isaura - que é hora de vocês demonstrarem todo amor que sentem pelo Claudinho! Se vocês realmente amam seu filho, é o momento exato de ajudá-lo, agasalhando-o em seu afeto. Ele deve sentir que vocês estão correspondendo à confiança que ele depositou em vocês.

- Independente de qualquer coisa, eu amo meu filho! - asseverou a mãe.

- É claro que nós o amamos, por isso estamos aqui! É nosso interesse essencial ajudar o Claudinho - afirmou o pai.

Isaura, consciente de sua limitada condição para uma melhor condução do caso, propõe:

- Quanto a uma ajuda mais eficiente e própria para o caso, sugiro que busquem o concurso de psicólogo espírita, profissional habilitado para tratar com problemas dessa natureza. A Doutrina Espírita nos favorece muito para compreensão desse tipo de dificuldade. Porém, um psicólogo espírita aliaria sua capacitação profissional com o conhecimento doutrinário, o que, a meu ver, seria muito útil e valioso para o caso.

- Boa idéia, Isaura! Há vários psicólogos espíritas conceituados.

- Como conseguiremos levar o Claudinho ao psicólogo? - preocupado, pergunta Jair.

Isaura, retoma a conversa:

- Busquem o Claudinho, com a mesma sinceridade com que ele os buscou, para falar do seu problema. Sem imposição de qualquer espécie, conversem com ele expondo primeiramente o amor que sentem por ele, independentemente de qualquer coisa. Não deixem também de mostrar-lhe suas fragilidades, como seres humanos que são, falando da aflição por que estão passando.

E Isaura, ainda acrescenta:

- A meu ver, este seria o início da busca de um bom resultado, tanto para ele quanto para vocês. Os nomes de vocês três serão levados para reunião privativa de nossa casa espírita, solicitando ajuda dos Benfeitores Espirituais. Não nos esqueçamos, de forma alguma, do valioso concurso da oração.

- Desse recurso, Isaura, não temos es-quecido! - ressalta Jurema.

- É isso que nos tem valido - comple-menta Jair.

E, antes de se despedir do casal, agora mais calmo, Isaura ainda diz:

- Uma coisa, finalmente, gostaria de di-zer-lhes: seu filho é uma pessoa de bem. Não deixem que a dificuldade que ele atravessa possa fazê-los pensar diferente. Procurem demonstrar-lhe todo amor que sentem por ele. Isso é essencial.

Boletim de Agosto/2001

Última atualização em Qui, 12 de Maio de 2011 15:05