Zilda tem estado muito doente. Já havia percorrido vários consultórios médicos, sem, contudo, encontrar alívio para seus males. Pensava em seu sofrimento, quando a campainha toca. É Esmeralda, sua amiga, que, há tempos, se mudara para bairro distante. – Olá, Esmeralda! – Olá, amiga! – Faz tempo que não nos vemos. – Desde que me mudei, Zilda, esta é a primeira vez que estamos juntas. – Sinto saudades da sua companhia, Esmeralda. – Vim aqui, Zilda, porque soube, pela Isaura, que você não está muito bem de saúde. – É isso mesmo! E Zilda enfatiza: – Não me venho sentindo muito bem. E os médicos, Esmeralda, não têm acertado com o meu caso. Já fui a vários médicos. Tomo uma série de medicamentos. – E o que você sente, amiga? – Sinto dor no estômago. E também um cansaço terrível, que vem acompanhado de grande desânimo. – Será que não tem a ver com a correria dos dias atuais, Zilda? – Mas não é só isso, Esmeralda. – E o que mais vem sentindo, Zilda? – Tenho tido insônia. Fico irritada à toa, sem motivo aparente. – E os remédios nada adiantam? – Nada, nada! E, às vezes, Esmeralda, ainda surge um forte abafamento no peito, que me deixa muito aflita. Zilda, ainda, comenta: – Como diz o Zé, meu filho: tô com tudo e não tô prosa! – Não dispensando – é claro – o concurso da medicina terrena, você já pensou, Zilda, que o seu caso pode ter uma causa espiritual? – Uma conhecida quis me leva num vidente. Mas, ele cobra caro. E, também, não acho que a solução dos meus males passe por aí, Esmeralda. – Cara amiga, este tipo de ajuda eu também dispensaria. Porém, conheço pessoas sérias, espíritas, e que talvez possam te ajudar. – E quanto cobram? – Nada! Nada mesmo. Se quiser, eu a levo no centro espírita em que essas pessoas trabalham. E Zilda, então, decide: – Pela confiança que tenho em você, vou aceitar sua ajuda. Quando poderemos ir lá ao centro? – Amanhã mesmo. – Combinado. Amanhã, estaremos lá. No dia seguinte, as duas amigas bateram à porta da casa espírita. Zilda foi logo encaminhada ao atendimento fraterno. E é recebida por Alice. – Como é seu nome, minha irmã? – Zilda é o meu nome. Estou aqui para ver se consigo me curar. Estou doente há muito tempo, sem que a medicina me ofereça o alívio desejado, por mínimo que seja. – E o que sente, Zilda? E Zilda narra o seu caso, em todos os detalhes. Logo após, Alice, intuída pelos Benfeitores Espirituais, aprofunda o diálogo. – Você ora sistematicamente, Zilda? – Toda noite! Sou devota de Santo Antônio. Mas, de tempos para cá, tenho pedido ajuda a meu marido, já falecido. – Há quanto tempo ele faleceu? – Há, exatamente, três anos! – E há quanto tempo a irmã vem sentindo os males que me relatou? – Há, mais ou menos, três anos. Alice, então, tenta esclarecer Zilda: – Querida irmã! Você já pensou que seu marido, no mundo espiritual, possa estar precisando de ajuda e que não esteja em condições de assisti-la? – Mas, ele agora é espírito, não é?! – Ele sempre foi espírito, Zilda, mesmo quando estava aqui reencarnado. A diferença, agora, é que ele não tem mais o corpo físico. E tem mais, com a desencarnação, ele não se tornou santo. Todos, após a morte do copo físico, se apresentam no mundo espiritual, tais quais são, ou seja, com os defeitos e virtudes levados daqui. Diante da ignorância de Zilda, quanto aos princípios espíritas, Alice, preocupada em não chocar a irmã com informações indevidas para o momento, fala sobre a assistência que a casa lhe pode oferecer. – Minha irmã, façamos o seguinte: você precisará frequentar uma de nossas reuniões públicas. Ouvirá ensinamentos importantes e se beneficiará com os passes e a água magnetizada. Por ora, busque invocar somente a ajuda de Deus ou de Jesus em suas orações. – E fazendo isso, ficarei curada? – Não é bem assim! Também levarei seu nome e de seu marido para uma reunião privativa de nosso centro, que se realiza às terças-feiras, com início às 20 horas. – Terei que vir aqui também na terça-feira? – Não! Essa reunião, conforme já disse, é privativa. Mas, você deverá, às terças-feiras, de 20 às 21 horas, se recolher, em sua residência, criando um clima favorável para o atendimento espiritual à distância. Nessa ocasião, ore com fervor, leia página edificante e reflita sobre seu conteúdo. E assim foi. Ao cabo de dois meses, Zilda voltar a falar com Alice. – Alice, vim falar-lhe sobre meu estado de saúde. Estou outra pessoa. – Que bom, Zilda! – Se você me tivesse falado, no primeiro dia que aqui estive, que era a presença do espírito do Júlio, junto de mim, que me passava todos aqueles incômodos, eu aqui talvez não voltasse. Você foi prudente na condução do meu caso. – O esclarecimento espírita, Zilda, a meu ver, deve ser dosado às necessidades e condições da pessoa que o busca. Não devemos agredir uma pessoa necessitada com informações que a assustariam, ao invés de ajudá-la. – Pois, saiba, Alice, que, participando das reuniões públicas do centro, aprendi coisas muito importantes. Também procurei os livros espíritas, para me esclarecer melhor. Zilda mostra que, realmente, refletira nas lições que ouvira. – Hoje, Alice, sei que arrastei o espírito do Júlio para junto de mim, com minhas invocações pedindo ajuda a ele. E ele, ainda necessitado, passou para mim todo seu estado de sofrimento e angústia. – Pelo visto, você não só ouviu as palestras, como também apreendeu os ensinamentos da Doutrina Espírita. O que é muito importante, Zilda! – Os médicos, aqui na Terra, não poderiam detectar minha doença, não é mesmo? – Acredito que, não muito distante, quando o preconceito estiver mais brando, os médicos possam estar em condições, não só de diagnosticar, como também de ajudar na cura dos males de ordem espiritual. – Certamente! O progresso é Lei de Deus! – Isso é fato, Zilda. E as duas se abraçaram, sorrindo, certas de que, em futuro próximo, as barreiras dos preconceitos e da ignorância seriam vencidas, em benefício do bem-estar físico e espiritual do ser humano.
Boletim de Novembro/2009
|