Na cola do marido Imprimir
Escrito por Jayme Lobato   
Ter, 15 de Fevereiro de 2011 13:16

Zilda tem estado muito doente. Já havia percorrido vários consultórios médicos, sem, contudo, encontrar alívio para seus males. Pensava em seu sofrimento, quando a campainha toca. É Esmeralda, sua amiga, que, há tempos, se mudara para bairro distante. – Olá, Esmeralda!
– Olá, amiga!
– Faz tempo que não nos vemos.
– Desde que me mudei, Zilda, esta é a primeira vez que estamos juntas.
– Sinto saudades da sua companhia, Esmeralda.
– Vim aqui, Zilda, porque soube, pela Isaura, que você não está muito bem de saúde.
– É isso mesmo!
E Zilda enfatiza:
– Não me venho sentindo muito bem. E os médicos, Esmeralda, não têm acertado com o meu caso. Já fui a vários médicos. Tomo uma série de medicamentos.
– E o que você sente, amiga?
– Sinto dor no estômago. E também um cansaço terrível, que vem acompanhado de grande desânimo.
– Será que não tem a ver com a correria dos dias atuais, Zilda?
– Mas não é só isso, Esmeralda.
– E o que mais vem sentindo, Zilda?
– Tenho tido insônia. Fico irritada à toa, sem motivo aparente.
– E os remédios nada adiantam?
– Nada, nada! E, às vezes, Esmeralda, ainda surge um forte abafamento no peito, que me deixa muito aflita.
Zilda, ainda, comenta:
– Como diz o Zé, meu filho: tô com tudo e não tô prosa!
– Não dispensando – é claro – o concurso da medicina terrena, você já pensou, Zilda, que o seu caso pode ter uma causa espiritual?
– Uma conhecida quis me leva num vidente. Mas, ele cobra caro. E, também, não acho que a solução dos meus males passe por aí, Esmeralda.
– Cara amiga, este tipo de ajuda eu também dispensaria. Porém, conheço pessoas sérias, espíritas, e que talvez possam te ajudar.
– E quanto cobram?
– Nada! Nada mesmo. Se quiser, eu a levo no centro espírita em que essas pessoas trabalham.
E Zilda, então, decide:
– Pela confiança que tenho em você, vou aceitar sua ajuda. Quando poderemos ir lá ao centro?
– Amanhã mesmo.
– Combinado. Amanhã, estaremos lá.
No dia seguinte, as duas amigas bateram à porta da casa espírita. Zilda foi logo encaminhada ao atendimento fraterno. E é recebida por Alice.
– Como é seu nome, minha irmã?
– Zilda é o meu nome. Estou aqui para ver se consigo me curar. Estou doente há muito tempo, sem que a medicina me ofereça o alívio desejado, por mínimo que seja.
– E o que sente, Zilda?
E Zilda narra o seu caso, em todos os detalhes. Logo após, Alice, intuída pelos Benfeitores Espirituais, aprofunda o diálogo.
– Você ora sistematicamente, Zilda?
– Toda noite! Sou devota de Santo Antônio. Mas, de tempos para cá, tenho pedido ajuda a meu marido, já falecido.
– Há quanto tempo ele faleceu?
– Há, exatamente, três anos!
– E há quanto tempo a irmã vem sentindo os males que me relatou?
– Há, mais ou menos, três anos.
Alice, então, tenta esclarecer Zilda:
– Querida irmã! Você já pensou que seu marido, no mundo espiritual, possa estar precisando de ajuda e que não esteja em condições de assisti-la?
– Mas, ele agora é espírito, não é?!
– Ele sempre foi espírito, Zilda, mesmo quando estava aqui reencarnado. A diferença, agora, é que ele não tem mais o corpo físico. E tem mais, com a desencarnação, ele não se tornou santo. Todos, após a morte do copo físico, se apresentam no mundo espiritual, tais quais são, ou seja, com os defeitos e virtudes levados daqui.
Diante da ignorância de Zilda, quanto aos princípios espíritas, Alice, preocupada em não chocar a irmã com informações indevidas para o momento, fala sobre a assistência que a casa lhe pode oferecer.
– Minha irmã, façamos o seguinte: você precisará frequentar uma de nossas reuniões públicas. Ouvirá ensinamentos importantes e se beneficiará com os passes e a água magnetizada. Por ora, busque invocar somente a ajuda de Deus ou de Jesus em suas orações.
– E fazendo isso, ficarei curada?
– Não é bem assim! Também levarei seu nome e de seu marido para uma reunião privativa de nosso centro, que se realiza às terças-feiras, com início às 20 horas.
– Terei que vir aqui também na terça-feira?
– Não! Essa reunião, conforme já disse, é privativa. Mas, você deverá, às terças-feiras, de 20 às 21 horas, se recolher, em sua residência, criando um clima favorável para o atendimento espiritual à distância. Nessa ocasião, ore com fervor, leia página edificante e reflita sobre seu conteúdo.
E assim foi. Ao cabo de dois meses, Zilda voltar a falar com Alice.
– Alice, vim falar-lhe sobre meu estado de saúde. Estou outra pessoa.
– Que bom, Zilda!
– Se você me tivesse falado, no primeiro dia que aqui estive, que era a presença do espírito do Júlio, junto de mim, que me passava todos aqueles incômodos, eu aqui talvez não voltasse. Você foi prudente na condução do meu caso.
– O esclarecimento espírita, Zilda, a meu ver, deve ser dosado às necessidades e condições da pessoa que o busca. Não devemos agredir uma pessoa necessitada com informações que a assustariam, ao invés de ajudá-la.
– Pois, saiba, Alice, que, participando das reuniões públicas do centro, aprendi coisas muito importantes. Também procurei os livros espíritas, para me esclarecer melhor.
Zilda mostra que, realmente, refletira nas lições que ouvira.
– Hoje, Alice, sei que arrastei o espírito do Júlio para junto de mim, com minhas invocações pedindo ajuda a ele. E ele, ainda necessitado, passou para mim todo seu estado de sofrimento e angústia.
– Pelo visto, você não só ouviu as palestras, como também apreendeu os ensinamentos da Doutrina Espírita. O que é muito importante, Zilda!
– Os médicos, aqui na Terra, não poderiam detectar minha doença, não é mesmo?
– Acredito que, não muito distante, quando o preconceito estiver mais brando, os médicos possam estar em condições, não só de diagnosticar, como também de ajudar na cura dos males de ordem espiritual.
– Certamente! O progresso é Lei de Deus!
– Isso é fato, Zilda.
E as duas se abraçaram, sorrindo, certas de que, em futuro próximo, as barreiras dos preconceitos e da ignorância seriam vencidas, em benefício do bem-estar físico e espiritual do ser humano.

Boletim de Novembro/2009

Última atualização em Qui, 12 de Maio de 2011 15:25