Centro de Mesa |
Escrito por Jayme Lobato |
Seg, 14 de Fevereiro de 2011 14:21 |
IRoberto, Idalina e Arthur, findo o horário do trabalho profissional, saíram juntos e entabularam interessante conversa, em que o Espiritismo era o centro de interesse. - Meu namorado me convidou para ir a um centro espírita. Disse-me que é muito bom. Ele e sua família o freqüentam, há muito tempo - fala Idalina. E Roberto, então, pergunta: - Mas Idalina, é centro de mesa ou de terreiro? - Não sei! Pelo que o Alberto me falou é centro espírita sério. O Artur é que entende melhor dessas coisas. Fala Artur! ... Artur, espírita convicto e estudioso da Doutrina Espírita, considera: - Muitas pessoas denominam o centro espírita de centro de mesa e o do centro umbandista de centro de terreiro. - No meio social que transito, a diferenciação é feita desta forma, por isso a minha pergunta - observa Roberto. - É certo que já ouvi essas expressões, porém, nunca dei importância. O assunto não era do meu interesse - assevera Idalina. Artur coça a cabeça, pois sabe que está pisando em terreno minado pela falta de conhecimento e, finalmente, diz: - Pois é, meus amigos, apesar da mobilização das instituições espíritas na divulgação da Doutrina, ainda assistimos muita ignorância envolvendo o assunto, até mesmo por parte daqueles que deveriam saber mais um pouco. - Mas, Artur, você acha centro de terreiro ruim? - indaga Idalina. - Não é esse o problema! O Centro, seja de Espiritismo, seja de Umbanda, será bom segundo os propósitos dos elementos humanos que o constituírem. Os Espíritos bons ou maus são atraídos pelas disposições boas ou más dos seres humanos que formam as instituições. - Mas tudo isso não é Espiritismo? - questiona Roberto enfático. E Idalina opina: - Eu acho que é! - Entendam o seguinte: espírita não é quem recebe espíritos. Quem recebe espíritos é médium e há médiuns espíritas, umbandistas, candomblecistas, esotéricos, espiritualistas, etc. No prefácio de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec explica porque criara as palavras Espiritismo, espírita e espiritista, para designar a crença nascente e seus profitentes. Estes vocábulos, até então, não existiam - esclarece Artur. - E a Umbanda? - volta a perguntar Roberto. - A Umbanda é uma religião especialmente brasileira, pois aqui, no nosso país, reuniram-se, num mesmo caldeirão de experiências e práticas religiosas, os ritos africanos, indígenas e católicos. Disto resultou o sincretismo, que passou a se denominar Umbanda, que, a meu ver, tem uma missão muito importante em terras brasileiras. É hora de Idalina protestar: - Vocês são terríveis! Puxaram uma arenga tão grande, só porque eu falei que ia a um centro espírita?! - Há controvérsias!...Há controvérsias, querida Idalina! - exclama Roberto - Amanhã, conversaremos mais! Estou doido para chegar à casa, pois a fome aperta - propõe Artur. Os três se despediram e Artur, em casa, antes do jantar, puxa conversa com o pai e o irmão mais novo, de nome Sérgio. - Ao sair do trabalho, eu, Roberto e Idalina, conversamos sobre Espiritismo. - Contra ou a favor? - pergunta o pai. - Quando não há respeito à opinião alheia, esse tipo de assunto sempre resvala para a paixão, o fanatismo - considera Sérgio. - Estive explicando a eles a questão do centro de mesa e do centro de terreiro. - E eles entenderam, filho? - Acho que sim. Continuaremos a conversa amanhã Não quis prolongar o papo, pois estava por demais faminto. - Por verem uma mesa no centro espírita, filho, alguns passaram a denominá-lo de centro de mesa . Na casa umbandista o local das manifestações é denominado terreiro, por isto centro de terreiro. Eu vejo o assunto desta maneira. - Eu penso diferente, pai! Acho que o Centro Espírita é chamado de centro de mesa, porque tem mesa mediúnica - observa o irmão de Roberto. - Mas, meu filho, quando foi que mesa se mediunizou? O Aurélio define mediúnico como aquilo que é relativo ou próprio de médium, e não de mesa. Equipe mediúnica ou até sessão mediúnica eu entendo como sendo expressões corretas. Mas mesa mediúnica, não julgo expressão acertada! - Papai tem razão, Arthur! Pensando bem, mediunidade é condição daquele ser humano que sente em maior ou menor grau a influência dos espíritos, segundo Allan Kardec. - Isso mesmo, filho! Uma equipe mediúnica pode trabalhar na mesa ou fora dela. A mesa é utilizada nos trabalhos mediúnicos como simples acessório, um facilitador dos trabalhos. - Por ouvir muitos falarem em mesa mediúnica, pensei que esta era a causa da denominação centro de mesa - esclarece Sérgio. - Uma coisa puxa a outra, Sérgio. Apesar de muitos falarem assim, não devemos deixar de refletir e tirar conclusões próprias, sem exigir dos outros atrelamento incondicional ao nosso modo de pensar. E Artur refletia sobre tantas outras coisas importantes no meio espírita e que apresentam contornos distanciados, quando sua mãe o tira da reflexão, convidando os três para o jantar, que acabara de servir: - Vocês, por favor, obedeçam a dona da casa! Venham jantar! Ela e os três se sentam à mesa para jantar, ou seja saborear as inigualáveis iguarias da dona da casa. Também poderiam ter sentado à mesa para almoçar, para conversar e até para trabalhar mediunica-mente, segundo a necessidade de utilização da mesa. Boletim de Setembro/2001 |