Editorial Abril 2015 |
Ter, 31 de Março de 2015 23:00 |
Ao chamar os seus discípulos e lhes recomendar que fizessem uso de seus dons espirituais, Jesus recomendou-lhes também a darem de graça o que de graça receberam. O que os seus discípulos haviam recebido era o dom de curar os doentes, de limpar os leprosos e de expulsar os demônios, como na época se referiam aos espíritos inferiores perseguidores. A recomendação deixa claro que não deveriam fazer desse dom objeto de comércio nem meio de vida e que nada deveriam cobrar pela sua utilização. Kardec explica que este preceito se aplica também hoje na prática da mediunidade. Os médiuns de hoje, ensina, são como os apóstolos, que também eram portadores de mediunidade. Como os apóstolos, receberam gratuitamente de Deus um dom que lhes permite agir pelos espíritos no mundo material, como seus intermediários, para instruírem os homens, curá-los das enfermidades e livrá-los do assédio de espíritos perturbadores. Usam um dom que nada lhes custou adquirir e que não é fruto de seu trabalho nem de seus esforços. Deus quer que os frutos desse dom cheguem a todos e não apenas aos que podem por eles pagar. Por isso, a mediunidade não constitui privilégio e se encontra por toda parte, entre pobres e entre ricos, continua o Codificador. A prática gratuita da mediunidade é uma das principais condições para o médium conquistar a simpatia dos bons Espíritos. O mais absoluto desinteresse com que ela seja praticada é que vai atrair espíritos benfeitores, pois os bons espíritos rejeitam tudo o que é de interesse pessoal e egoístico e jamais admitem se comunicar através daquele que deles se sirva para obter vantagens. No livro “Os Mensageiros”, psicografado por Chico Xavier, André Luiz narra a história de diversos espíritos que partiram de Nosso lar com tarefas mediúnicas, mas que, reencarnados na Terra, não conseguiram delas desincumbir. São espíritos que receberam faculdades mediúnicas diversas, como a psicografia, a psicofonia, a vidência e outras, com objetivos como o trabalho na doutrinação, na cura de enfermos e no consolo dos sofredores. Fracassaram por motivos diferentes e André Luiz qualifica os relatos desses espíritos ao retornarem ao mundo espiritual como pungentes e dolorosos. Dentre esses, encontra-se um espírito que recebeu as faculdades de vidência, audição e psicografia, necessárias para o êxito das realizações prometidas.Entretanto, apesar da preparação recebida em Nosso Lar antes de reencarnar, transformou suas faculdades em fonte de renda, até que veio a morte. Chegando ao mundo espiritual, viu-se em regiões inferiores de dor e sofrimento, rodeado pelos consulentes que haviam desencarnado antes e que o cercavam para reclamar as soluções prometidas e que por elas pagaram. Padeceu durante onze anos consecutivos expiando suas faltas, até que se encontrasse em condições de ser recolhido àquela Colônia para refazimento. Para o Espiritismo, mediunidade é oportunidade de crescimento, de servir, de praticar a caridade. Muitas vezes é oportunidade de reajuste perante as leis divinas, devido a equívocos passados. É preciso ter consciência de que é dom outorgado por Deus, que o médium recebe gratuitamente e que, por isso, como disse Jesus, deve dar gratuitamente. |